20/07/2005

Dança das Cadeiras: Prelúdio

«Campos e Cunha sai do Governo»

E aí vai o primeiro. A primeira separação rabiscada no prelúdio desta peça shakespeariana que é a vida política portuguesa em que Capulets e Montagues vão trocando piropos e ofensas, enquanto no interior das próprias fileiras o veneno, a intriga, as trocas e baldrocas também vão perdurando.
Campos e Cunha sai, dêem passagem a Teixeira dos Santos, o novo homem forte da pasta das Finanças.
Num pequeno aparte, deixem-me opinar que, neste cantinho à beira-mar plantado, esta pasta é tão apetecível como igualmente repelente. Tal como o favo de mel em que, quem o queira provar tem de se aguentar com os ferrões das abelhas. Mas adiante...
Desejo somente afirmar a minha surpresa pela boa impressão com que fiquei perante a verdade apresentada no motivo por mais uma dança das cadeiras: a família de Campos e Cunha estava de facto cheia de saudades do seu patriarca que, desde que tinha ido para o governo, passou a chegar pontualmente a casa no final do expediente.
Mas, para uma pasta como a das Finanças, só lamento a escolha de um sucessor cujo insignificante cargo anterior era o de registar os valores de revenda de um jogador de futebol. A meu ver, dado o estado das Finanças do país, sugiro a argúcia e a poupança espartana do dono da Loja do Chinês ali na esquina do meu prédio. Promoções e propostas irrecusáveis será o que não faltará.