10/04/2008

O Triunfo da Hipocrisia


A promiscuidade política grassa na nossa sociedade.
A lógica dos caciques continua a vigorar nas elites que mandam e alternam à vez nos cargos de comando.
Um político que hoje ocupa um cargo governamental, amanhã já está à frente da administração de uma grande empresa nacional. E esta alternância entre, Político que toma decisões nos negócios de milhões e, que mais tarde, vai orientar e beneficiar dos seus dividendos, é tão normal, está de tal forma institucionalizado que, chamar à atenção para esta pouca-vergonha, apontar o dedo a esta forma velada de corrupção e tráfico de influências, é que é motivo de revolta pelas classes dominantes em S. Bento e em Belém.
Foi o que passou hoje na AR. O PS indignou-se com as acusações do BE e do PCP face à promiscuidade do novo emprego de Jorge Coelho. Sim, porque o que é revoltante são as mentes maliciosas dos partidos de Esquerda, e não a impunidade com que o PS e os partidos à sua Direita salvaguardam constantemente o seu futuro profissional junto do patronato português.
Mas isto não é mais que o status quo. Ontem foi o Ferreira do Amaral ou o António Mexia, hoje é a vez do Jorge Coelho, amanhã por certo será a altura do Telmo Correia terminar a sua ilustre carreira política e ingressar na administração de uma empresa com fortes interesses imobiliários. Afinal, quem não é bom para comer também não é bom para trabalhar!
E que não se pense que isto é um assunto somente do centralismo lisboeta.
Por exemplo, em Braga o nome do presidente da Câmara é Francisco Mesquita Machado. O administrador do Hospital de S. Marcos, em Braga (o maior hospital público da região) e do Hospital de Barcelos chama-se Lino Mesquita Machado – são irmãos. Coincidência?! Se fosse noutro país, talvez…