27/03/2008

Séries de Televisão dos 80’s

Ontem, enquanto esperava pela minha mulher que tinha ido à lavandaria, estava a dar uma olhadela pela Fnac pela secção das Séries.
Existem muitos packs de temporadas completas das Séries do momento, das quais existem muitos exemplos de qualidade – aliás, dentro da temática da dramaturgia mainstream actual, criam-se obras mais interessantes na televisão do que na 7ª arte hollywoodesca. Mas nesse dia o que captou o meu olhar foi o pack da primeira série completa de “V – A Batalha Final”.
Já não me recordava dessa série que preencheu o meu imaginário nos sábados à tarde da minha infância. As naves dos extraterrestres (que mais tarde foram replicadas no filme “Independance Day”). O fascínio pela tecnologia avançada dos extraterrestres. A beleza das fêmeas extraterrestres; principalmente da Diana, que nos 80’s, nós putos considerávamo-la “podre de boa” até ao episódio em que a vimos engolir um porquinho-da-índia e aí a tesão foi-se. Aquela sensação de conspiração que o casal de protagonistas incutia sobre os extraterrestres e que só com o avançar da série nos apercebemos dos seus reais motivos. O nojo que me causava aquela pele humana falsa a pender da face de réptil dos maus da fita.
Gostava muito de ver o "V – A Batalha Final" e tive pena de não ter visto o seu final.
Outra, que infelizmente não vi o seu fim, foi a série de anime, “Conan, o Rapaz do Futuro” do brilhante Hayao Miyasaki.
Mas com esta, a influência foi mais intensa e marcante no meu imaginário.
Primeiro que tudo, continuei sempre a seguir a obra de Miyasaki, um dos clássicos mestres da animação nipónica que já o era antes do seu boom no início da década passada. São igualmente excelentes os seus filmes: “Princesa Mononoke”, “A Viagem de Chihiro”. O seu pessimismo ecológico é transversal a toda a sua obra e como ele se mescla com as suas criações espirituais, contribuíu também para a minha admiração para além do seu traço cativante.
Foi também “Conan…” que contribuíu para o meu gosto pela temática do apocalíptico. Recordo-me de ficar embasbacado pela acção frenética (sem deixar de ser juvenil) da série. As enormes ondas tsunamis presentes como estigma cultural no país do Sol Nascente e que foram os que causaram com que use esta palavra de quando em vez na minha escrita. Os bichos-de-conta aos milhares como prenúncio da desgraça. As recordações de um passado assustador de guerra como um aviso para o seu evitar no futuro.
Para além de ter uma concepção original das suas estórias, Hayao Miyasaki merece a minha consideração e respeito porque percebeu que a melhor maneira de chegar a crianças, jovens e adultos em simultâneo era não tratar os primeiros com condescência e os últimos com saudosismo.