30/01/2008

A Oeste nada de novo

Hoje foi um dia cheio de emoções e novidades. Digo isto sem qualquer traço de ironia…se calhar, em relação às emoções estou a ser um pouco sarcástico.
Mas enfim, a Oeste nada de novo.

Iniciou o Ano Judicial. Eu fui ouvido num inquérito em Braga mas isso não é notícia como é óbvio. O Salão Nobre do Supremo Tribunal de Justiça não encheu para ouvir as minhas palavras mas sim as de Marinho Pinto, o novo bastonário da Ordem dos Advogados.
Palavras acertadas e condizentes com a realidade do país. Uma realidade que, segundo o Sr. advogado, vive cada vez mais de negócios obscuros e manobras de bastidores a custo do património e dividendos públicos. Palavras sábias; mas um apontar de dedo em vão dado o carácter inócuo e generalista das suas acusações. Trazer a conversa que temos no café da tertúlia não constitui efectivamente um passo para a melhoria da credibilidade da Justiça em Portugal.
Mas enfim, a Oeste nada de novo.

O relatório da Reprieve relata que 728 prisioneiros que estão na base de Guantanamo foram transportados com a conivência da jurisdição portuguesa. E isto com a conivência com o Estado norte-americano de fazer as coisas de: tortura de prisioneiros e o seu transporte ilegal pelo espaço aéreo de outros países. Mas isto é irrelevante se esses mesmos países permitem que, pelo facto dos EUA terem uma base militar no seu território, dá-lhes a autoridade para imporem a esse país a referida forma de fazer as coisas.
Este assunto já passou pelos noticiários portugueses anteriormente. Mas caiu no esquecimento do “não se passou nada e se se passou, nós não tínhamos conhecimento”. Que orgulho! Isto é que é à Estado soberano.
Por certo, e tendo em conta as vozes governamentais que se começam a levantar, creio que a desculpa será, se não a mesma, um pouco idêntica.
Mas enfim, a Oeste nada de novo.

O treinador Sócrates também entrou no Mercado de Inverno e, antes que ele encerrasse, já fez três novas contratações para substituir titulares no seu onze inicial que começam a apresentar sinais de lombalgias de esforço e saturação.
Mas Sócrates revela diplomacia e visão periférica. Estas são remodelações que permitem agradar às classes baixas (Saúde), bem como às classes altas (Cultura).
Sim, porque o bom funcionamento do SNS é do estrito interesse das camadas menos favorecidas da população que, devido ao seu orçamento reduzido, a gratuitidade e celeridade do funcionamento da Saúde afecta quem depois não tem as possibilidade de usufruir dos benefícios da oferta Privada. Por isso, este Ás que o Sócrates cedeu aos críticos.
As cabeças bem pensantes da sociedade portuguesa também precisavam de uma cedência governamental para poderem sossegar as hostes. Mas neste caso, Sócrates cedeu somente uma manilha.
Se bem que suspeito que não remodelou o que era mais importante: a política insensível para com os problemas das populações cada vez mais carenciadas e a castração dos parcos serviços públicos do país.
Mas enfim, a Oeste nada de novo.