23/01/2008

Canibais


Os frémitos bombos das tribos da selva
penetram nosso refúgio
Sangue esmaecido de contra o torpor das pulsações desta cave
que alberga bocas ofegantes
A guitarra
monocórdica
a aumentar seu estrondo
ciente dos corpos magnéticos
cujos pólos se cutucam ao de leve
Tu
reptilínea
volteias por entre os obstáculos da sala
com teus olhos vítreos
fixados na tua presa
Teu ardor
teu fulgor
o teu arfar incandescente
ateia as nossas vestes
reduzindo a cinzas
o aroma pudico a círios
que enevoava nossas cabeças
De repente
agarras
comprimes
empurras
opressão
Líquido
líquido
oiço o escorrer da paixão
As garras felinas
as mandíbulas sedentas
o melífluo corrupio
a meia-lua carmim que decora tua coxa
Albergue
a armação
ergue
tu
o mausuleo
os píncaros de tua cordilheira recebem meus dentes
As plumas
torneiam no ar
as faixas envolvem os corpos
unidos
mesclam-se
transmutam-se
o sexo afunda-se
perde-se no abissal maelström final que revigora
Faces
esgar em crise
pele estica
elástica
plástica
Tu que me sorves a boca
Os seios que afagam indómitos a secura da minha nascente
O arfar
o calor a culminar
iminente
Não
Não vou capitular
Eu não vou capitular
Não vou capitular
Não vou capitular
Não vou capitulaaaaaaaaaaarrrr
Dor
Fôlego
Palavras mudas
Os duelistas
e os despojos da paixão
quedos
Estou
a esvair-me em amor por ti