26/01/2008

PJ Harvey Unplugged

Antes de mais devo avisar que PJ Harvey é uma das artistas que sempre admirei: tanto pela melancolia da sua lírica como da originalidade dos sons que saca dos instrumentos. Conheci-a com uma gravação manhosa do “Rid of Me” em K7, de tal maneira que tinha que a ouvir quase no máximo do volume e, para quem sabe do que estou a falar, tal é necessário devido ao pêndulo de serenidade e agressão na música da PJ.
Dito isto, acabei de ouvir o “White Chalk” e, apesar do nome, acho um álbum negro na sua composição.
Aliás, mantém-se a melancolia e misantropia na linha condutora das letras, se bem que a Morte está mais presente, apesar de fugaz nos anteriores – disso é bem evidente no excelente To Talk To You. Por arrasto, a sua vocalização continua serene e soturna, polvilhando-a, de quando em vez, com os característicos gritos de desespero.
Na composição musical é que está o grande corte com o passado. É um álbum mais suave com muitas influências da folk americana, no qual a guitarra eléctrica e o rock anterior desapareceram por completo; sendo substituídos pelo - já antes existente mas neste álbum mais presentes - piano clássico, pelo banjo, pela harpa, pela harmónica, pelo violino. Estes e outros conferem uma aura de serenidade e contemplação às músicas. As temáticas repetem-se e reformulam-se mas aqui são revestidas por uma harmonia mais campestre.
Minimalista, desafinado, melancólico, escuro, monocórdico, reverbera como um disco antigo, como se os instrumentos estivessem rodeados de eco. Foi a impressão com que fiquei no final da audição do "White Chalk".
É um disco original se considerarmos a discografia da PJ e original devido à sua produção. Mas, apesar de gostar do álbum e considerá-lo muito cativante, se a tivesse conhecido por esta amostra não seria o admirador que sou hoje.