31/01/2008

Depois de Adormecer

Costumo ter sonhos recorrentes após cair no sono.
Ultimamente tenho tido um sonho repetido que no qual vejo uma família que habita numa Estação espacial na órbita de uma das luas de Júpiter.
Vejo eles a viajar nos space shuttles, a confraternizarem num café da Estação.
Tal imagem advém por certo do fascínio que sempre tive por ficção científica. Tanto que, recordo-me da na minha adolescência já gostar do 2001 enquanto os meus amigos odiavam e achavam bizarro o filme.
Ontem, adormeci com a música do Facas em Sangue na mente.
É usual acontecer quando, antes de abandonar a consciência, fiquei aninhado em concha com a minha amada, agarrado ao seu seio. Nós dois, num casulo tépido de Amor, traz-me à memória as palavras da letra do Adolfo inspirada nos versos do Jorge de Sena.
Um Amor cálido e que passeamo-lo pelas ruas deste país sem qualquer temor.
Às vezes, erguem-se vozes descontentes. Eu e a minha amada somos uma muralha de persistência e de fé inviolável na paixão e carinho que temos no nosso Amor e no furto que dele brotou.
Claro que existiram contrariedades e complicações, mas houve algo que permaneceu imutável: nosso abraço forte e contínuo.
Assim como a canção...


Vivia na temperatura tépida dos lençóis
Aquele que dava pelo estranho nome
De Amor.
Às vezes soltava-se
E percorria pela mão
Dos adolescentes ruas desertas, sombras
Escuras e conspiradoras - soltou-se
O Amor - alguém gritava.
E vinha o vermelho e invadia o vermelho
E assanhavam-se os gatos conscientes
Da invasão da sua noite
Solitária.
Depois apagava-se
A última luz da última janela e desaparecia
O Amor na tepidez dos lençóis.
Ficava a lua, ficava
O luar azul a reflectir perigosamente
Nas lâminas ensanguentadas
Dos adolescentes...