24/02/2008

A Greenpeace e o Poder


Apesar de considerar que por vezes têm métodos excessivos e radicais, acho que o Mundo precisa, tem de ter uma entidade como a Greenpeace; uma instituição que lute pelos direitos do Planeta como se fossem o defensor oficioso apontado por Gaia.
Não sou inocente… Duvido por vezes dos motivos sub-reptícios em como atacam as acções poluentes de uns países, enquanto que as de outros permanecem incólumes ou raramente mencionados. Estranho também a origem dos fundos para a opulência de algumas das suas acções. Enfim, terei de acreditar que existem ricos beneméritos com consciência neste Mundo.
Li a entrevista do director-executivo da Greenpeace Internacional, Gerd Leipold e achei assustadoramente interessante ele referir que os membros da Greenpeace nos EUA tinham diminuído, bem como o activismo tinha passado a ser mais difícil após o 9/11, que (a meu ver) legitimou as autoridades estatais em limitar, controlar protestos e a participação dos cidadãos neles.
Na sua resposta à relevância do Nobel ter sido dado a Al Gore tem um aparte contundente para os tecnocratas que circulam nos meandros do Poder.

"Quando os políticos não estão no poder, de repente, tornam-se protectores do ambiente. Mas quando estão em posição de fazer alguma coisa, arranjam desculpas."
Gerd Leipold, director-executivo da Greenpeace Internacional, Público, 22-02-2008

É o cíclico problema dos decisores políticos que, aliciam o eleitorado com os seus ideais e planos para um futuro melhor mas, mal se aconchegam na cadeira do Poder, os seus estofos adocicam a sua retórica e institucionalizam as suas decisões para o Poder previamente instituído; e assim, as mudanças, em vez de estruturais, são somente por amostras.
Aqui vejo o célebre aforismo do Séc. XIX ainda actual:

“Power tends to corrupt; absolute power corrupts absolutely.”
Lord Acton, historiador inglês, Abril de 1887