11/09/2005

Os Edukadores


Vi ontem os “Edukadores”. Gostei muito da sua temática de Revolução Constante versus Conformismo; e principalmente, porque não cai no abismo perigoso de se tornar condescendente ou pedagogicamente demagogo.
Mostra a ansiedade de uma geração (a juventude) na identificação do inimigo, do algo que está mal e a angústia em busca de formas de acção eficazes; e mostra também o oposto, o capitalista conservador (Hardenburg) e conformado com o estado das coisas.
A câmara em perpétuo movimento contrasta com o frenético desejo de movimento, esse movimento apelidado de mudança que os jovens anseiam e a maturidade exorciza. A dada altura Hardenburg (a personagem que me fez mais pensar sobre o filme) diz que o pai lhe disse qualquer coisa como: “que é idiota ter menos de 30 anos e ser um liberal e ter mais de 30 e ainda ser liberal”. A evolução histórica do revolucionário é amargamente espelhada quando os Edukadores vêem o seu futuro na figura do seu capitalista tomado refém.
O pai de Hardenburg até pode ter razão. No filme vê-se um juventude desnorteada em busca de formas de luta revolucionária contra algo que está mal e não conseguem identificar. E torna-se ainda mais difícil quando consolas, televisão, carros rápidos, viagens paradisíacas, ténis de marca, apelam para uma vida de comodismo e alienação. Esta é a retórica do fanatismo revolucionário por onde não enveredamos, até porque está...demodé, e actualmente não se parecer com o rapper ou a sexy chick da MTV é fatal para qualquer adolescente em crescimento. «Ai, mamã! Sujaram-me os ténis do tigre.»
Mas chegámos a isto... A importância da Segurança que o filme também menciona é de facto o que mina o sentimento da revolta. Um pai quer somente a Segurança a todos os níveis para a sua família. Mas o triste é hoje ver-se a juventude sem qualquer consciência política ou social e enveredar pela solução aos seus problemas pelo conforto e a salvação patriarcal. É a geração “American Pie”. Borga e os genitais enfiados na comida. É o desejo pueril a vingar e perdurar nas mentes boçais dos jovens que nos rodeiam.
Mas a Revolução Constante actualmente é cada vez mais necessária. Nós, que como trabalhadores somos tratados como gado pelas entidades empregadoras com as suas propostas avassaladoramente tentadoras de contratos à quinzena e aumentos de 1 dígito, temos mais de lutar dia-a-dia por nada mais que um tratamento ‘digno’ no nosso emprego: a nossa insatisfação é o melhor método de revolução e a exigência por melhores condições não parte de sindicatos ou Institutos estatais, parte da nossa vontade. Pensem nisso. E já agora vão ver o filme.