25/03/2007

2ª Vida

Por vezes (muito frequentes) fico sem escrivinhar nada aqui.
Para mim o acto de escreve sempre foi como uma comichão necessária: por vezes gosto de coçar ao de leve; outras tenho de a esgatanhar violentamente.
Sempre foi como uma compulsão febril, como uma droga agridoce: tenho de ceder a ela, tanto por vício, por catarse mas, lamentavelmente, deixa-me sempre frustrado e derreado por revelar o diletante que sou.
Há duas semanas atrás tive uma ideia excelente para um conto. Comecei entusiasmado e escrevi páginas atrás de páginas de uma estória empolgante já ansioso de poder escrever o seu final apoteórico que tinha (tenho) moldado na mente. Mas, como sempre sucede, após a primeira - às vezes - a segunda noite, o entusiasmo esvai-se e fica somente a dor de ter de continuar a escrever como se de uma obrigação se tratasse.
É assim que tenho milhares de novelas, contos, romances inacabados escondidos nas gavetas, a servirem de marcadores de livros, a ocupar o disco rígido...
A única solução que vislumbro é ocorrer uma noite interminável acompanhada de muito café de forma a que consiga escrever de enfiada e até ao seu final a minha primeira estória completa.
Exagero: tenho uma estória escrita com princípio, meio e fim. É um argumento cinematográfico que, ironicamente, nunca foi adaptado para o grande (nem para o pequeno) écran. É talvez um paradigma mas a estória chama-se "Fragmentos" e é composta de quatro pequenas estórias de diferentes fases etárias da vida.